segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Maurício "Shogun" Rua: o Jovem Nocauteador


Muitos strikers eram temidos na época do PRIDE. Wanderlei Silva, Mirko Cro Cop, Rampage Jackson e vários outros. Mas um deles se sobressai não apenas por seus golpes devastadores, mas também por ser o mais jovem lutador a conquistar tantos nocautes fantásticos no extinto evento japonês. Somando todo o seu cartel, são 19 vitórias, sendo 16 delas por nocaute e apenas cinco derrotas. Um homem que começou jovem e botou medo em muito veterano e ainda está nas cabeças. Maurício “Shogun” Rua, o sujeito simples, de fala tranqüila e atrapalhada que já botou muito marmanjo para beijar a lona e foi o campeão mais jovem do PRIDE.


Maurício é curitibano, vindo de uma família de classe média alta e que começou a ter interesse por artes marciais por influência de seu irmão mais velho, Murilo Rua. Aos 15 anos Shogun começou a praticar muay thai e aos 17 jiu-jitsu na famosa academia de artes marciais Chute Boxe, que era uma das maiores do mundo na época e eterna rival da Brazilian Top Team. Com apenas 19 anos, Maurício decidiu o que queria em sua vida: ser um lutador profissional.
Os irmãos Rua, da esquerda para a direita: Maurício "Shogun", Marcos "Shaolin" e Murilo "Ninja".
Com 20 anos, Shogun fez sua primeira luta profissional. Muitos lutadores brasileiros de renome no mundo do MMA sequer lutaram em seu país natal. Já Shogun teve a oportunidade de lutar em casa, em Curitiba mesmo, em um evento chamado Meca World Championship. Venceu Rafael Capoeira com um chute alto direto no rosto, causando o nocaute imediato. Em sua segunda luta venceu o também brasileiro Ângelo Antônio com um seqüência destruidora de chutes em apenas 55 segundos. A terceira luta, já com 21 anos, e a última apresentação no Meca, venceu Evangelista “Cyborg” Santos em uma luta movimentada em que Shogun mostrou sua versatilidade, vencendo a luta em pé e dominando no chão. Conseguiu uma boa posição e bombardeou Cyborg com socos até o juiz interromper o combate. O jovem curitibano havia chamado a atenção do mundo. 
Shogun dominou Cyborg no Meca World Vale Tudo 9.
As duas lutas seguintes de Shogun ocorreram em um evento americano chamado IFC. Era um torneio, portanto Shogun fez essas duas lutas na mesma noite. Primeiro venceu Erik Wanderley, derrubando o adversário duas vezes com golpes, uma vez com um chute alto e a outra com socos. Mesmo com Erik tentando manter a luta com seu jiu-jitsu, Shogun conseguiu vencer por nocaute mais uma vez. 

Mas o lutador seguinte não era iniciante como os outros que Shogun havia enfrentado. Muito pelo contrário, tratava-se de um veterano muito casca grossa, que já havia lutado com Fedor Emelianenko, Dan Henderson, Chuck Liddell e Kevin Randleman: Renato “Babalu” Sobral. Babalu sabia da enorme capacidade em pé de Shogun, portanto, tratou de levar a luta para o chão o mais rápido possível e mantê-la lá. Foi uma luta de chão movimentada durante os três rounds, terminando quando Sobral conseguiu encaixar uma guilhotina e finalizar a luta. Shogun conehcia sua primeira derrota, mas isso não quer dizer que fechariam os olhos para ele. O brasileiro estava em ascensão. Abaixo você pode conferir a luta dos dois no IFC:


Shogun, depois de suas lutas impressionantes, foi contrato pelo maior evento de MMA da época, o lendário PRIDE. Até então, Shogun só havia enfrentado compatriotas e conseguido ótimos resultados. Enfrentando estrangeiros não foi diferente. Shogun venceu os japoneses Akira Shoji, Akihiro Gono, Yasuhito Namekawa e Hiromitsu Kanehara. Venceu todos por nocaute e nessas lutas mostrou uma seqüência que seria uma de suas marcas registradas no PRIDE: os pisões e os chutes na cabeça. Estava na hora de enfrentar outro temido striker e entrar no GP que lhe consagraria um dos melhores lutadores do MMA mundial. 

Shogun contra Hiromitsu Kanehara.
Em 2005 começou o GP para os pesos meio-pesados do evento. O PRIDE os melhores lutadores da categoria em um torneio mata-mata, entre eles estavam Vitor Belfort, Alistair Overeem, Igor Vovchanchyn, Dan Henderson, Rogério Minotouro, Wanderlei Silva, Kazushi Sakuraba e Ricardo Arona da Brazilian Top Team (a rival da Chute Boxe de Shogun). Não importava quem vencesse quem, Shogun só teria lutadores de altíssimo nível pela frente. E o brasileiro começou enfrentando nada menos do que o americano Quinton “Rampage” Jackson, outro lutador de força excepcional. 

É muito comum entre lutadores as famosas “encaradas”, principalmente no tempo do PRIDE, quando as rivalidades eram maiores. Rampage Jackson sempre é um lutador que gosta dessas encaradas, sempre tentando intimidar o adversário. Shogun nunca foi adepto disso, sempre olhando normalmente para o oponente e o cumprimentando como um verdadeiro esportista. Quando Rampage chegou pero de Shogun, mostrou a mesma humildade, sinal de que ele respeitava o jovem prodígio brasileiro. Maurício Shogun havia se tornando um striker temido. A luta entre os dois foi rápida, como a maioria das lutas de Shogun, terminando com a vitória do brasileiro depois de golpes terríveis com os joelhos e pernas. Confiram o castigo que Shogun deu em Rampage:


Depois de atropelar Quinton Rampage Jackson, Shogun veio a enfrentar o primeiro “inimigo declarado” dele no torneio: Antônio Rogério “Minotouro” Nogueira, o irmão gêmeo do peso pesado Rodrigo Minotauro. Apesar de não existir nenhum atrito entre os dois, as academias que ambos representavam eram rivais: a Chute Boxe de Shogun e a Brazilian Top Team de Minotouro eram inimigas declaradas. A luta contra Minotouro foi a mais dura de Shogun até aquele momento, depois de uma trocação franca por três rounds, com knockdowns dos dois lados e um bom jogo de chão mostrado por ambos. Foi a prova de fogo de Maurício Rua. Sobreviver ao jogo de chão de Minotouro mostrou que o curitibano era um lutador completo. Uma vitória muito apertado por pontos de Shogun, porém, muito merecida. Infelizmente só achei a primeira parte da luta, mas mesmo assim, dê uma conferida:





Depois de vencer a locomotiva ucraniana Igor Vovchanchyn com uma guilhotina em 1:20, Alistair Overeem passou para a próxima fase do torneio e teve como adversário o jovem Shogun. Por incrível que pareça, Overeem levou vantagem na luta em pé por ter um kickboxing afiado e por ser muito mais alto e com envergadura muito maior que Shogun. O brasileiro fez de tudo para levar o holandês para o chão, mas a defesa de quedas de Alistair sempre foi muito boa. Quando finalmente Shogun levou Overeem para o chão, o holandês encaixou uma guilhotina muito justa. Era o fim, todos pensavam. Overeem havia vencido os dois adversários anteriores dessa maneira. Overeem iria para a final pelo que aparecia. M,as Shogun mostrou sua alma de campeão e conseguiu sair da submissão e castigou Overeem no groun and Pound. Overeem até conseguiu levantar, mas o estrago já estava feito. Shogun derrubou o grandalhão mais uma vez e o castigou com socos e cotoveladas até o juiz interromper a luta. Mais um nocaute e Shogun havia garantido sua vaga na final do GP. 

Shogun golpeando Alistair Overeem.
No mesmo dia em que derrotara Overeem, Shogun lutaria na final do torneio. Era outro combate entre Chute Boxe e Brazilian Top Team. Maurício “Shogun” Rua contra “The Brazilian Tiger” Ricardo Arona. Ambos estavam exaustos devido as lutas anteriores. Arona sofreu mais lutando contra Wanderlei Silva na semifinal, mas mesmo assim os dois concordaram em lutar. Foi uma luta rápida, movimentada e bonita. Nada de enrolação. Combate franco. Não achei nenhum vídeo na internet, por isso baixei a luta e upei para vocês. Viu como O Bronco manja?


Maurício Rua, o mais novo competidor do PRIDE GP 2005, havia se tornado o campeão. Era a consagração de Shogun como um dos striker mais temidos do MMA, além de mostrar ser um lutador versátil e valente. A carreira no MMA só havia dado bons frutos até o momento, o que iria mudar em sua próxima luta. Depois de vencer o GP, foi casada a luta entre Shogun e Mark "The Hammer" Coleman. Mas a luta não acabou como ninguém gostaria. Depois de menos de um minuto de combate, Coleman derrubou Shogun, que caiu de mau jeito e deslocou visivelmente o braço. Mesmo assim Coleman não quis saber, talvez fosse loucura por causa dos esteróides ou apenas o calor do combate, mas o americano partiu pra cima do brasileiro lesionado pronto para massacrar Shogun. Empurrou o juiz de lado e Shogun só não foi golpeado porque os companheiros da Chute Boxe entraram no ringue e confrontaram Coleman. Depois do ocorrido, Mark Coleman se arrependeu e foi pedir desculpas para Shogun nos bastidores. O clima esquentou e Wanderlei quis sair na porrada e tudo mais. O mais curioso é que Shogun estava tranqüilo, pouco ligando pelo que estava acontecendo enquanto Wand estava visivelmente irritado. O vídeo com esses acontecimentos tá ai embaixo:



Depois de deslocar o braço e ficar sete meses sem lutar, Shogun voltou aos ringues novamente com vitórias. Venceu o francês Cyarille Diabate por nocaute, obteve sua primeira vitória por submissão vencendo “The Monster” Kevin Randleman, nocauteou Kazuhiro Nakamura e teve sua última luta pelo PRIDE contra o holandês Alistair Overeem. Shogun conseguiu lutar melhor contra o holandês nesse segundo confronto e colocou o grandão para dormir. Pobre Overeem. Imagino que antes de dormir todas as noites, ele deve ver o punho de Shogun vindo em sua direção. Olha aí:



Com o fim do PRIDE, o melhor striker da época não poderia ficar sem emprego. Logo Shogun foi cotato para o UFC para enfrentar o primeiro vencedor do The Ultimate Fighter, reality show que salvou o UFC, Forrest Griffin. Os dois fizeram uma luta disputada, tanto em pé quanto no chão, mas infelizmente Shogun acabou sendo finalizado com um mata-leão no terceiro round, chocando o mundo o obtendo sua terceira derrota na carreira. Isso credenciou Griffin a brigar pelo cinturão dos meio-pesados do UFC, enquanto Shogun enfrentaria um velho rival.

Shogun e Griffin fizeram um combate equilibrado, mas o americano levou a melhor.

Depois de perder para Forrest, Shogun enfrentou outro americano. Mark “The Hammer” Coleman. Uma luta, por incrível que pareça, muito disputada. Mesmo com Coleman 17 anos mais velho, Shogun teve muitas dificuldades para bater o americano. O combate aconteceu tanto em pé quanto no chão, inclusive com ótimos momentos de Coleman no ground and pound. Parecia que Maurício estava fora de forma, lento, apático e com um jogo tímido. Conseguiu vencer Coleman aos 4:25 do terceiro round, terminando a luta exausto. Vingou seu braço deslocado, mas não fez como o antigo Shogun teria feito. 

Shogun passou um sufoco para vencer o "vovô" Coleman.
Em seguida Shogun enfrentou outro veterano, Chuck “The Iceman” Liddell. Dois strikers devastadores. Shogun e Liddell fizeram um combate respeitando os punhos um do outro, com uma trocação estratégica e ambos em boa forma. Shogun conseguiu a vantagem assim que aplicou um leglock, derrubou Liddell e conseguiu agarrar o americano e prensá-lo na grade. Chuck desvencilhou-se e retornou ao centro do octógono. Liddell recuperou-se e começou a pressionar Shogun com seus socos de longo alcance e alguns chutes. Liddell conseguiu derrubar Shogun e cair por cima, depois de poucos golpes, a luta voltou em pé. O que foi péssimo para The Iceman. Shogun acertou um direto de direita bem no meio da fuça de Chuck, fazendo a americano desabar. Mais algumas marteladas no chão foram suficientes para o juiz Mário Yamasaki separar a luta. Era o momento de brigar pelo título. 

Shogun acabando com Liddell.

Maurício Shogun corria atrás do título de Lyoto "The Dragon" Machida, até então invicto em sua carreira no MMA. A luta foi duríssima. Shogun desferiu muito mais golpes que Lyoto, porém Lyoto acertou golpes mais efetivos. Ao final do combate os três juízes deram a vitória unânime para Machida. Ovacionado no começo do combate, o campeão Lyoto deixou o octógono sobre imensas vaias. A mídia especializada dava a vitória para Shogun, assim como muitos lutadores. Machida também teve seus defensores. Para encerrar a discussão, a diretoria do UFC decidiu de imediato marcar uma revanche entre os dois brasileiros. O que seria chamada de a maior revanche da história do MMA. O segundo duelo entre o Tigre e o Dragão.

Lyoto Machida: uam defesa de cinturão controversa.
Depois de meses de preparação, o segundo confronto havia chegado. O duelo recebeu muita atenção da mídia em geral, o que não era comum para uma luta de MMA. A tensão era enorme. Apesar de Lyoto e Shogun sempre se respeitarem e afirmarem que a rivalidade era inexistente, a público estava louco para ver o desfecho da história entre os dois. Pouco antes da luta, Shogun teve que operar uma apendicite, o que obrigou o curitibano a ficar um mês longe dos treinos, para desespero dos fãs do ex campeão do PRIDE. O dia da luta chegou e Shogun mostrou que estava de volta, fazendo um desempenho brilhante. Atacou Lyoto desde o começo, que contra atacou como pode. Uma luta em pé, muita trocação, alternando para alguns momentos no chão até o momento em que Shogun acertou um cruzado de direita na têmpora de Lyoto, fazendo o campeão desabar e caindo em cima com uma seqüência de socos que fez o Dragão desmaiar. Shogun tornou-se o campeão dos meio-pesados do UFC e o primeiro homem a derrotar Lyoto Machida. 

Maurício Shogun Rua: campeão dos meio-pesados do UFC. Um sonho realizado.
Depois de uma lesão no joelho, Shogun acabaria ficando quase um ano sem lutar. Nesse tempo seu adversário foi definido: Rashad Evans. Mas o americano também acabou se lesionando, então teve que ser substituído pelo jovem em ascensão, assim como Shogun foi em seus tempos de PRIDE, Jon 'Bones" Jones. Pouca gente acreditou em Shogun. As casas de apostas estavam todas a favor de Jones. Para cada quatro apostadores no americano, apenas uma pessoa apostava no brasileiro. Era uma situação esquisita ver tanta gente torcendo contra o campeão. Até o juiz Herb Dean autorizar o combate, eu e boa parte dos brasileiros pensávamos: "Coitado do Jon Jones. Vai ser massacardo pelo Shogun." Estávamos errados. Jon Jones dominou o brasileiro completamente. Logo nos primeiros segundos acertou uma joelhada voadora em Shogun. Todos os golpes que desferia, acertava. Dominou Maurício Rua em pé e no chão. Mas o nosso Shogun foi valente e não desistiu, andou para frente o tempo todo, tentando não se deixar intimidar. Porém, o abalo de Sogun era visível. Não só isso. Shogun parecia novamente fora de forma, talvez não recuperado totalmente de sua lesão. Jones foi implacável e mereceu seu cinturão. Uma pena para Shogun, um sujeito tão cheio de história e valente.

Shogun tentou, mas não foi páreo para Jon Jones.
Agora Shogun tem uma nova chance de voltar ao topo e provar porque é um dos melhores strikers da história. No UFC Rio enfrentará seu primeiro algoz no UFC, Forrest Griffin. Essa luta não é apenas para vingar a sua derrota para o americano, é também a chance de Shogun voltar a ser um dos possíveis desafiantes e recuperar seu cinturão. Não há muito segredo nessa luta, Shogun deve apenas evitar ir para o chão com Griffin e mostrar o que sabe em pé, confiando em seu muay thai e boxe afiados. Vencer Griffin o coloca a apenas mais uma vitória para poder lutar pelo cinturão novamente, a mesma situação de Lyoto Machida, o que pode significar o terceiro combate entre essas duas feras. De qualquer maneira, Shogun ainda é um lutador jovem, que merece todo o nosso respeito e com certeza ainda tem um futuro brilhante pela frente. Vamos torcer por sua vitória no UFC Rio. Por fim, um tributo a ele:



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Caso tenha interesse em ver uma das lutas citadas no post, basta seguir os seguintes passos que farei o possível para lhe ajudar:

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Feito isso, basta enviar um e-mail para obronco@hotmail.com pedindo a luta que lhe enviarei o link para baixar, caso seja possível. Assim você ajuda O Bronco a crescer e também se diverte.

3 comentários:

  1. Que post du caralh..... muito loco...
    Saudades do bom e velho PRIDE!!!

    ResponderExcluir
  2. Brilhante topico cara, parabéns

    war shogun!

    ESTAMOS NA TORCIDA PARA VC VOLTAR E ARREBENTAR CARA!!

    SO PISE NO OCTAGON 100%

    ResponderExcluir

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