segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A equação do esporte brasileiro

Arthur Zanetti, ouro nas argolas da ginástica artística.
As Olimpíadas acabaram, e com elas, o espírito olímpico provisório que toma conta do brasileiro a cada quatro anos e desaparece em um passe de mágica. Mas por que é provisório? Existem muitos problemas no esporte brasileiro e isso é evidente, mas de quem é a culpa? Dos atletas? Do governo? Do povo? De aliens?  Afinal, o que está errado?Vou tentar apontar os principais problemas e possíveis soluções para o esporte tupiniquim em meu humilde artigo, então Continue Lendo:



Antes de mais nada, que história é essa de "espírito olímpico provisório"?. Bem, é um erro da população pensar que só existe esporte nas Olimpíadas. Quando elas passam, ninguém mais dá importância aos esportes de menos tradição no Brasil, com o futebol voltando a ser o foco de tudo. Esse espírito olímpico provisório mexe com a cabeça das pessoas, fazendo-as acreditar que estão no direito de cobrar resultados dos atletas, sendo que no período de quatro anos que separa uma Olimpíada da outra, simplesmente cagou e andou para aqueles esportes. Prova disso são eventos como o Troféu Brasil de Atletismo, que contava com um estádio praticamente vazio acompanhando a prova. Se falta interesse do povo, também falta cobertura da mídia, que fecha os olhos para os outros esportes de maneira contagiosa, cooperando para cegar a população. 

 Você conhecia Yane Marques? Pois é, ela surgiu do nada e ganhou o bronze.
Como uma pessoa comum pode cobrar um atleta, quando ela sequer acompanhou a carreira dele até ele chegar nas Olimpíadas? E a mídia não contribui nada para acabar com essa ignorância esportiva, muito pelo contrário, porque esses jornalistas esdrúxulos são os principais colaboradores desse pensamento imbecil. No Pan de Guadalajara no ano passado, foi a mesma coisa. Os atletas decepcionavam e falhavam miseravelmente em uma modalidade atrás da outra, segundo esses grandes jornalistas de bosta. Eu até escrevi um artigo sobre isso na ocasião, que você pode conferir clicando aqui.

É um erro nosso cobrar resultados dos atletas, porque eles já tem problemas demais para se preocuparem sem um bando de ingratos cobrando. Problemas como lesões, a pressão de um grande evento, falta de verba para o treinamento e de uma infraestrutura adequada. E principalmente, são seres humanos, pessoas com emoções e suscetíveis ao erro. Não são máquinas perfeitas de competição. Se existe alguém que deve ser cobrado, são nós mesmos e o governo.

No Brasil, temos a ideia equivocada que devemos apostar todas as fichas em um atleta que por algum milagre e sacrifício próprio, conseguiu um bom resultado em um esporte que provavelmente é ignorado por todo mundo. O governo investe nele, a iniciativa privada investe nele, a mídia cai matando em cima e colocamos nossas esperanças nesse prodígio que fez carreira por esforço próprio, mas continua sendo um ser humano com emoções e suscetível a erros. Ele perde e "decepciona". Dá um "vexame". Volta a ser esquecido por todo mundo. Não é assim que se trata um atleta, porque se você ficou decepcionado por ele não ter conseguido, imagine como ele ou ela ficaram? Foi uma pessoa que suou e sentiu dores por meses, ou até anos, para poder treinar e cumprir seu objetivo. Se ele não consegue, não é de cobrança que ele precisa, mas sim de incentivo. Precisa de pessoas que queiram lhe ajudar a corrigir os erros e a evoluir, não de imbecis que o chamem de incompetente. Tudo que esperamos são as medalhas, mas não são elas que importam. O que importa é o atleta dar o melhor de si.

Evelyn dos Santos ficou fora da final dos 200m rasos, mas deu o seu melhor e fez a melhor marca de sua vida
O governo não consegue entender que não é só nesses prodígios que aparecem esporadicamente que se deve investir. Os campeões estão nas escolas, só esperando que alguém lhes oriente a direção certa. É na educação de base que deve-se investir. Um tanto por falta de estrutura e outro por falta de amor a profissão, o seu professor(a) de educação física simplesmente dava uma bola de futebol para os meninos e uma de vôlei para as meninas, deixando os alunos jogarem como quisessem. Você lembra disso? Porque eu tenho certeza que é uma lembrança familiar para a maioria das pessoas que vieram de escola pública como eu. Ainda tinha os guris que não jogavam bem futebol e iam jogar vôlei com as meninas. Raramente o professor dava uma bola de futebol e uma de basquete, porque tinham extraviado a bola de vôlei. E aqueles que não se dão bem com a bola? Quem sabe eles não se dariam bem arremessando um dardo? Nadando? Ou praticando qualquer outro esporte que não seja futebol, vôlei ou basquete? 

Investindo na educação de base com uma estrutura adequada e professores qualificados, os campeões vão passar a ser consequência de uma educação decente e a surgir naturalmente. Isso é uma obrigação do governo e um dever de nós cidadãos exigir que seja feito. O esporte inserido desde cedo só traz benefícios, mesmo que nem todos virem grandes atletas, com certeza serão cidadãos melhores, mais disciplinados, dedicados aos estudos e saudáveis. 

Nós sabemos aonde estão as incógnitas e como resolver essa equação no esporte brasileiro, só nos falta vontade de resolve-la.


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4 comentários:

  1. Excelente texto Bronco. Aliás: eu estudei em escola particular e esse negócio de volley pras meninas e futebol pros meninos era predominante lá também.

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    1. Pra você ver como o desinteresse é grande, Vinicios. Até mesmo uma escola particular que tem condições financeiras, segue a mesma receita de descaso.

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  2. Custava falar da Sarah Menezes ? puts!

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    1. Tenho um post inteiramente dedicado pros artistas marciais nas Olimpíadas sendo feito.

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