Ronaldo, o Filantropo

Ronaldo e Don Ricardo Teixeira.

Mesmo aposentado dos gramados, Ronaldo continua bem ativo fora deles. Seja com a sua empresa 9ine, que gerencia e da consultoria a carreira de vários atletas, esbanjando sua "incrível" forma física nas praias ou agora como membro do conselho  de administração do Comitê Organizador Local (COL). Em declarações sobre os gastos na Copa do Mundo de 2014, Ronaldo deu uma declaração polêmica, isso pra não dizer cretina.

Em seu discurso nessa quinta-feira, Ronaldo fez a seguinte declaração sobre os investimentos para o mundial:

"Acho que se gasta em tudo. Está sendo gasto também muito dinheiro em saúde, segurança, mas vamos receber uma Copa. Sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa do Mundo com hospital. Tem que ver o que você quer, o que é melhor. Não faço parte do governo. Só tenho certeza que vou fazer o melhor para termos a melhor Copa do Mundo"

Algo tremendamente estúpido no meu ponto de vista.  Ou foi uma falta de tato imensa do ex-jogador ou simplesmente o seu desinteresse e desprezo pelas necessidades da população. Como futebol não é a minha praia, um dos colunistas do Wrestlemaniacos, Rodrigo Péret, mais conhecido como Rato, escreveu essa crítica que você pode acompanhar abaixo:

Vamos voltar no tempo, nos anos 90. Ronaldo era considerando um exemplo para as crianças. Carismático, sem grandes polêmicas e visto como garoto maravilha. Seu drama quando teve o problema no joelho foi retratado com apreensão pela população brasileira. Quando teve um mal-estar na copa de 98, o Brasil o absolveu. Afinal, ele era muito jovem, estava sofrendo com a pressão de liderar uma seleção brasileira.

Romário? Romário também era carismático. Mas não como Ronaldo. Romário era o típico carioca. Malandro e baladeiro. Faltava treinos para ir à praia. Não era um bom exemplo para as crianças. Afinal, apesar de ser genial dentro dos campos, suas atitudes fora dele não seriam exemplares para um jovem. 

Quem diria que, anos depois, veríamos tal cena. Romário, o tal baladeiro, hoje é um elogiado deputado. Trocou as praias cariocas pelo terno e gravata em Brasília. E Ronaldo, o grande homem, assumiu o cargo do Comitê Organizador Brasileiro da Copa do Mundo dizendo que, para o Brasil, é mais importante construir estádios que servirão para Copas do Mundo e depois serão abandonados, do que construir hospitais para uma população que sofre. 

Ronaldo disse que “devemos ver o que nós queremos, o que é melhor”. Bem, na minha humilde opinião, um hospital é mais importante que dez estádios. Não, eu não sou um anti-futebol, pelo contrário. Sou fanático pelo esporte. Mas estádio é secundário. Um país como o Brasil, com tantas deficiências, não pode se dar ao luxo de gastar o que está gastando com estádios. Em Copa do Mundo nenhuma se gastou tanto quanto está sendo gasto com a Copa no Brasil. Quer dizer, “com a Copa”. Ainda mais com certos estádios que, com certeza não serão aproveitados. Será que o estádio que está sendo feito no Amazonas será aproveitado daqui alguns anos? Será que não seria melhor utilizar esse milhões com escolas e na área da saúde, duas coisas tão precárias no país?  Bem, talvez não. Afinal de contas, toda a população está mais interessada em ter a melhor Copa do Mundo, do que ter educação e saúde de nível, não é mesmo, Ronaldo? Antes de dizer que sem estádio não se faz Copa, saiba de uma coisa: Se não se faz copa do mundo sem estádio, também não se faz uma nação de primeiro mundo com um estádio. Você viveu anos e anos na Europa. Será que os hospitais de lá são como os daqui? Será que as escolas possuem o mesmo nível das daqui? Será que eles, quando ainda estavam se desenvolvendo, preferiram gastar milhões com um estádio de futebol, ao invés de focar no que realmente é importante e relevante? Pense nisso. Enquanto isso, Romário está em Brasília, trabalhando. Quem diria, não?

Romário vem fazendo uma carreira exemplar como deputado federal.

Só tenho lamentar pela declaração de Ronaldo, algo que foi compeltamente infeliz. Agradeço ao Rato pelo texto e a fonte da notícia está AQUI.

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