Bronco da Semana: Padre Beto

Não é todo mundo que chega no seu chefe e diz: "Não é assim que se fazem as coisas, chefe. Abra sua mente e deixe de ser ignorante". Você já falou algo assim pro seu superior? Não duvido que alguns leitores tenham falado, mas mesmo assim são poucos e corajosos. O que torna Padre Beto o bronco da semana, é ter feito justamente isso: ele bateu de frente com o conservadorismo e alguns dogmas da Igreja Católica. Continue Lendo e descubra de que maneira ele fez isso:


Frequentador de choperias, com camisetas de bandas de rock, piercings e um discurso progressista contra o conservadorismo da Igreja Católica, Padre Beto, um padre de Bauru (no interior de São Paulo), vem chamando a atenção. Mas a polêmica maior envolvendo a sua figura veio depois da publicação de uma entrevista no Youtube, na qual Padre Beto se posiciona a favor de muitos temas que são tabus não somente para a Igreja Católica, mas para a maioria das vertentes religiosas mundo afora. Em épocas em que muitos criticam o conservadorismo de Silas Malafaia e Marco Feliciano, o Padre Beto adota um discurso oposto. Confira:

Eu não poderia ter me expressado melhor do que o padre em questão, quando ele diz que não se pode ignorar 2 mil anos de conhecimento adquirido, para basear-se em escritos que foram produtos de seu tempo. Mesmo ganhando minha simpatia, é evidente que o padre ganhou a antipatia de muitos, principalmente da Igreja Católica, é claro.  Formado em teologia e com doutorado em ética na universidade Ludwig-Maxilian de Munique, na Alemanha, Padre Beto recebeu um ultimato do bispo de Bauru, exigindo a retirada dos materiais que contrariam a Igreja da internet e um pedido de perdão do padre. Em resposta, anunciando seu afastamento da Igreja, ele declarou:

"Se refletir é um pecado, sempre fui e sempre serei um pecador. Quem disse que um dogma não pode ser discutido? Não consigo ser padre numa instituição que no momento não respeita a liberdade de expressão e reflexão".

Eu respeito a coragem e a coerência de Padre Beto e vejo isso como um bom sinal para o futuro. As instituições religiosas mundo afora, cedo ou tarde terão que rever seus conceitos e adaptar-se ao mundo contemporâneo. É claro que essa mudança não será em breve, talvez eu sequer esteja vivo quando algo acontecer, mas sei que cedo ou tarde vai mudar.

Fonte: Folha

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